A prefeitura de Joinville renovou
o contrato com a empresa de consultoria Profuzzy, por mais três meses. Segundo
o Jornal A Notícia (AN), a consultora está responsável para auxiliar a
licitação do transporte coletivo. O Poder Executivo Municipal pretende
apresentar o edital até março. A concessão atual vence em Janeiro de 2014.
Todo o processo de organização de
licitação realizado até agora, parece um teatro. O primeiro motivo para isso é
que, em nenhum momento foi discutido o modelo de transporte: público, privado
ou misto.
O governo passado decidiu apenas fazer
a licitação para empresa privada e apresentar isso em audiências. Eles pouco
explicavam e não permitiam aos presentes mudar as decisões já tomadas pela
prefeitura. Ou seja, nossa democracia estaria sendo limitada pela decisão de
licitação para empresa privada. Pouca coisa poderia ser mudada, mas alguns
ainda tinham esperanças que algo mudasse a partir da prefeitura.
Ao pesquisar um pouco na
internet, descobrimos que a empresa de consultoria presta serviço também para
as atuais concessionárias do transporte, Gidion e Transtusa. Isso nos deixa
ainda mais inclinado a crer que a discussão do transporte é um grande teatro.
E o ex-prefeito parecia estar dirigindo
muito bem essa tragicomédia. Seu desejo era realizar a licitação, mas não
conseguiu se reeleger e teve que deixar isso para o prefeito eleito, Udo Döhler
do PMDB.
Acredito que ele estava um pouco
chateado, em ter que deixar a direção da peça. Ele queria manter seu nome
lembrando no script e para isso precisava de um último ato.
Assim, o reconhecimento de uma
dívida com as empresas de transporte era esplêndido. Mais uma vez a Profuzzy
apareceu, lhe assessorando em sua carreira, calculando o valor da dívida em 125
milhões. Esse valor seria, segundo as concessionárias, proveniente de perdas
desde 1997.
Carlito conseguia assim ficar
marcado na memória do público. O acordo assinado por ele prevê que o vencedor da licitação
terá que pagar o valor da dívida para as atuais empresas, sendo assim, as
atuais concessionárias saem com vantagem.
É importante falar uma coisa
aqui. Muitos dizem que Carlito foi mal assessorado ou que ele pode ter
fraquejado devido à pressão das empresas. Eu não acredito nisso. Ele sabia
muito bem o que fazia em relação à concessão do transporte coletivo.
Os reajustes do
transporte, por exemplo, foram concedidos por decisão dele, sem
qualquer diálogo com a direção do PT. No último aumento havia uma decisão da
executiva municipal em não conceder.
Ele teria argumentos de sobra
para não conceder os reajustes. Um que podemos citar é o fato da prefeitura não
ter total controle a sobre o valor da tarifa. O atual presidente do Instituto de Pesquisa e
Planejamento Urbano de Joinville (IPPUJ), Vladimir Tavares, em entrevista ao
Jornal Primeira Pauta, no ano passado disse que a prefeitura fica refém das
informações das empresas que prestam serviço.
Renovar o contrato com a Profuzzy
parece dar continuidade à peça. Argumentos para o prefeito Udo Döhler cancelar
esse processo de licitação e começar de novo, não faltam. Ainda há tempo para
mudança, mas como ex-prefeito, ele parece querer manter tudo como está no
transporte.
Não espero nada dos governos.
Eles já deram provas de sobra para desconfiarmos de suas ações. Agora, confio
na mobilização, na pressão e na insurreição popular. O fim do monopólio privada
do transporte coletivo de Joinville terá fim só com o povo na rua.
A união Joinvilense dos
estudantes Secundaristas (UJES) tem um papel central, nessa luta. É a
organização dos grêmios e a unidade desses estudantes que poderá dar um grande
impulso nessa luta. Para isso precisamos ir às escolas e convencer os jovens
que eles podem fazer o que sempre fizeram: impulsionar mudanças em nossa
sociedade e no mundo.
João Diego é estudante de jornalismo, membro do
Diretório Central do Estudantes do Ielusc e ex-presidente da UJES.
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