Esse é o título de um texto que
escrevi para uma aula de redação, em 2009. A pauta era trabalhadores noturnos.
Achei chato esse tema e fui fazer sobre moradores de rua. Minha ideia era
tentar entender como é viver na rua. Publico esse texto novamente por dois
motivos. Em meu blog antigo, que não uso mais, ele tem 1696 visualizações;
segundo motivo é que ao ler o livro George Orwell, Como morrem os pobres e
outros ensaios lembrei-me desse texto quando ele relata como foi viver na rua.
Espero que gostem.
Como Vivem os Moradores de Rua?
Moradores de rua
contam como fazem para sobreviver nas ruas de Joinville, com o inverno,
preconceito e a repressão do poder público.
Frequentemente observamos pessoas
aos “farrapos” circulando pelas ruas de nossa cidade. Uns pedindo esmola,
outros dormindo pelos cantos, ao lado do banco, nas praças. Alguns mendigos até
conhecemos por estarem sempre no mesmo lugar. O que nunca fazemos é entender
quem eles são e porque estão nessa situação. Adriano Souza, 32 anos é um dos
moradores das ruas de Joinville.
Não tendo trabalho, não pude
pagar um lugar para ficar e acabei tendo que morar na rua mesmo – afirma Souza.
Ele Trabalhava como servente de pedreiro e foi despedido há alguns meses. Uns
de seus problemas é a aversão que as pessoas têm de moradores da rua. “As
pessoas parecem ter uma visão agressiva de nós, não queremos nada, só ajuda”.
Para Souza, o problema das pessoas que vivem na rua é a falta de oportunidade,
muitas têm que trabalhar logo quando crianças e não tem como estudar. “As
pessoas precisam de um lugar para ficar, uma casa e emprego. É o que o governo
precisa fazer para nos ajudar”.
Outra situação semelhante é a de
Moacir de Souza e Jair de Souza. Os dois irmãos vivem de catar papelão e apesar
de residência fixa, são obrigados a viver na rua, devido ao trabalho exaustivo.
Os dois acordam todos os dias às 6h da manhã e voltam para casa às 03h da
madrugada. “Dormimos na rua, às vezes, cansa muito sair às 6h, puxando o
carrinho”. - conta Jair de Souza. Um dos problemas enfrentados pelos dois
irmãos é os catadores estarem proibidos de fazer seu trabalho durante o dia, no
centro. “Tem uns fiscais da prefeitura que nos proíbem de catar papelão, eles
chegam batendo e dizem para irmos embora”. Os dois dizem que isso é um problema
com os lojistas que não querem eles enfeando a fachada de suas lojas com seus
carinhos.
Os dois contam que agora no
inverno se não tiverem lugar para dormir será muito difícil de catar papelão,
“a madrugada é fria demais, nos cobrimos com papelão para espantar o frio, o
cansaço dobra, ainda mais com a chuva.” Conta Jair. A partir do relato deles
podemos entender como é a vida de alguns moradores da rua de nossa cidade. Uma
parte da cidade que não vemos ou fingimos não ver, que precisamos mudar.
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